O TRABALHO ESPIRITUAL

 

A alquimia, segundo Dom Pernety, é a arte de trabalhar com a natureza dos corpos para aperfeiçoá-los. Existe, porém, uma analogia entre a transformação do ser humano em criatura superior e a que mudou o chumbo, o estanho ou o mercúrio em ouro perfeito, puro.

 

Importa ao homem, perseguidor da Verdade, a alquimia do ser humano. É preciso encontrar, pelo aperfeiçoamento de si mesmo, essa Pedra Ideal, que representa o equilíbrio do corpo, a sublimação do espírito e a elevação de sua alma até Deus.

 

O homem é chamado a desbastar a Pedra Bruta que há dentro de si, a fim de eliminar suas asperezas, trabalhando sua vontade no sentido de suprimir hábitos inúteis, que o fazem escravo: tabaco, álcool, ganância, preconceitos... Ele precisa agir como um soldado, expulsando os inimigos que se encontram em seu próprio ser, não alimentando sentimentos de inveja, ambição desenfreada, cólera... Dessa forma, aos poucos, tornar-se-á senhor de seu físico, de suas emoções, de seus impulsos, em suma, mestre de sua própria alma.

 

A Evolução não tem como outro fim senão o de procurar a aproximação com a Divindade. É necessário, pois, àquele que quer aproximar-se de Deus, tornar-se outro homem, livre de preconceitos e paixões.

 

Na Maçonaria, dois utensílios são entregues ao neófito por ocasião de sua Iniciação no grau de Aprendiz: o Malho e o Cinzel. O Malho representa a força e o cinzel a vontade. Um não pode existir sem o outro. Se o malho existisse só, seria uma força cega que, batendo sobre a pedra, a quebraria em pedaços, ao invés de lapidá-la.

 

Assim, a vontade, se não for conduzida por um juízo esclarecido, como diz Eliphas Levi, será má, tanto para aquele que a possui, como para os que sofrem seus efeitos. Somente o homem merecedor, que trabalhou seu ser anímico, que alcançou a serenidade, que criou uma atmosfera propícia às suas meditações poderá entrar em sintonia com o Ser Universal.